Insuficiência: Quando todos os ganhos não contentam mais.

04/04/2025

Preenchimento com vazio. Presença da ausência.

“Vaidade de vaidades, diz Salomão; vaidade de vaidades, tudo é vaidade. Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?”

Esse é o início de um dos meus livros preferidos das Santas Escrituras. “Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.” Tudo é vão, passageiro, irrisório.

Não há proveito duradouro em nada do que conquistamos com nosso esforço. Dinheiro, família, amigos, bens, notoriedade, fama? Absolutamente tudo vão.

Se as coisas que mais buscamos, desejamos, cultivamos e pelas quais nos empenhamos ao longo da jornada são vãs, existe algo — ou Alguém — além disso tudo, capaz de preencher verdadeiramente essa sensação oca de ausência de sentido?

Perdemos tempo correndo atrás de respostas para as perguntas erradas. Em meu texto A felicidade está (quase sempre) dentro, reflito sobre essa busca por alegria em coisas externas, que, longe de nos satisfazer, só geram insuficiência.

Sim, insuficiência.

Quanto mais conquistamos, ganhamos, adquirimos ou concluímos, mais somos corroídos por dentro por essa sensação de falta, independentemente do valor ou da grandeza do que alcançamos. Isso é fruto de uma mentalidade cultural que desaprendeu (ou nunca experimentou de verdade) a viver contente.

Cristo & Contentamento

Contentamento é a arte de viver o agora, recebendo tudo como graça e motivo de gratidão. E a única forma genuína de abraçar essa postura é internalizando um modo de vida que solidifique uma identidade em Cristo.

Não tenha nada. Ganhe tudo.

Morra. Então viva de verdade.

Perca. Lucre mais.

Enxergue graça na desgraça.

Veja beleza no caos.

Sem Cristo a vida é um vazio que se disfarça de plenitude. Buscamos significado no trabalho duro, nas relações, nas conquistas, mas cada progresso é um sussurro que se dissipa, cada prazer, um gole que não sacia a sede da alma.

C.S. Lewis, em O Peso da Glória, argumenta que nossos desejos mais profundos não são acidentais: são pistas de um lar que nunca visitamos, mas cuja ausência sentimos. Sem Cristo, o mundo é como um espelho quebrado — reflete fragmentos de glória, mas jamais o todo.

Vivemos perseguindo miragens, incapazes de nomear a sede que nos consome.

Apenas em Cristo, o Criador tanto do desejo quanto da satisfação, o peso da glória se torna real e o vazio desaparece.

Em Filipenses 4:11-13, Ap. Paulo escreve uma dos trechos mais profundos das escrituras:

“Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.”

Então, se tudo é vão, vaidade, irrisório, por que viver? Porque tudo é vão, exceto o Eterno. Em Cristo, tudo ganha gosto. Viver vale a pena porque ele é a verdadeira vida a ser vivida. Ele é a vida contente.

Se até os pequenos picos espaçados de alegria vêm das suas mãos, não existe contentamento, alegria e felicidade fora dele.

Para o homem não existe nada melhor do que comer, beber e se alegrar no trabalho que realiza. Contudo, compreendi que mesmo estes prazeres só podem ser concedidos pelas mãos de Deus, pois quem pode comer, beber, trabalhar ou ter alegrias sem que tudo isso venha de Deus?

Eclesiastes 2.24.